QUANDO PROCURAR O MÉDICO?
Dificuldade de evacuar, sensação de evacuação incompleta, distensão abdominal, desconforto e mal estar geral, dor abdominal, mudança do ritmo habitual sem causa definida, mudança do aspecto das fezes e, principalmente sangramentos sinalizam a necessidade de procurar um médico, aponta Priscilla. Dores e distensão abdominal são as queixas mais comuns e que estão relacionadas a distensão do cólon por conta dos gases e das contrações prolongadas. Alguns pacientes queixam-se também de irritabilidade, cefaléia e outros, conta.
Segundo a médica, na maioria dos casos de Constipação Intestinal nenhuma anormalidade específica é encontrada. Mas os pacientes merecem ser avaliados adequadamente com o intuito de afastar possíveis causas secundárias, indica. E na contramão do que é muito comum acontecer, ela insiste: não se deve utilizar medicamentos sem prescrição médica e sem orientação do profissional especializado no assunto.
De toda forma, antes de procurar um médico, cada pessoa já pode, através de certos hábitos, promover o bom funcionamento intestinal, ou mesmo evitar os transtornos que provoquem a prisão de ventre. Priscilla indica uma dieta rica em fibras (20 a 30 g/dia) e o consumo de aproximadamente 2 litros de água, ou outros líquidos, diariamente. Aliado aos cuidados com a alimentação são os exercícios físicos e a obediência ao reflexo da evacuação. Essas todas são medidas significativas que atuam como auxiliares num tratamento para constipação intestinal, diz ela.
Se a mudança de hábito não resolveu
Quando não há causas orgânicas e quando as medidas comportamentais citadas não alcançam efeitos satisfatórios, mesmo com a reeducação de hábitos, é necessária a prescrição de agentes laxativos. O tratamento cirúrgico fica reservado apenas para casos bem selecionados como algumas causas orgânicas, entre estas Megacólon, Doença de Hirschsprung e Obstruções, avisa. Os medicamentos para constipação intestinal são divididos em grupos e Priscilla explica cada um.
- Incrementadores de bolo fecal (agentes formadores de massa): são as fibras, solúveis ou insolúveis, que retém água, aumentando o volume fecal e diminuindo sua consistência, facilitando a evacuação pelo estímulo fisiológico. Devem ser usados com líquidos e são os mais indicados para tratamentos a longo prazo. Mas tem como contra-indicações a suspeita de oclusão intestinal (quando um obstáculo impede a passagem de fezes, como por exemplo um tumor de cólon), impactação, mudança de hábito intestinal súbita de causa desconhecida, abdômen agudo e dificuldade de deglutição.
- Lubrificantes (óleo mineral): facilita o deslizamento das fezes. Seu uso crônico pode diminuir a absorção de vitaminas lipossolúveis.
- Agentes osmóticos: retiram água da mucosa do cólon e da luz intestinal por osmose, fluidificando as fezes. Porém causam distúrbios hidroeletrolíticos (perda de água e eletrólitos como sódio e potássio), risco de distensão abdominal e flatulência. Não deve ser usada em pacientes com insuficiência renal. Há um outro agente osmótico (macrogol) que é mais seguro, podendo ser usado em idosos, grávidas e crianças, mas não a longo prazo.
- Laxantes: sene e cáscara sagrada, por exemplo. Aumentam a motilidade intestinal - movimentos involuntários do intestino que auxilia a progressão das fezes até a evacuação - ao estimularem os plexos mioentéricos do cólon (cadeias de neurônios desse órgão). A longo prazo podem lesar os plexos mioentéricos causando o cólon catártico, ou seja, o intestino perde a motilidade por lesão dos plexos mioentéricos. O bisacodil estimula o plexo nervoso da mucosa do cólon causando contração e diminuição da absorção de água, cólicas abdominais e taquifilaxia, que exige doses cada vez maiores de laxantes para que o intestino funcione.