Sensibilidade / percepção de enchimento
A porção final do reto que armazena as fezes momentos antes da evacuação é chamada ampola retal. Essa região possui uma grande sensibilidade e, quando a ampola está cheia, essa informação sobe ao cérebro nos dando consciência do fato.
Continência / retenção / armazenamento
A partir deste momento é necessário que as fezes possam ser retidas tempo suficiente para que se possa escolher local e momento mais apropriados para a evacuação. Essa continência ou retenção é mantida por um complexo sistema de músculos especializados em fechar o reto (MAP) e a amplola retal (esfíncteres anais interno e externo).
Evacuação
Momento e local apropriados, é necessário que haja o relaxamento da musculatura responsável pela continência (MAP e esfíncteres) para que as fezes possam deixar a ampola retal sem maiores esforços.
Quais são os tipos de problemas da continência anorretal?
Os problemas relacionados a continência anorretal podem ser relacionados a dificuldade de perceber, reter ou de evacuar as fezes.Distúrbios na percepção
Alguns tipos de lesões (traumas medulares ou lesões durante o parto) podem afetar a sensibilidade dos mecanismos de percepção do enchimento da ampola retal. Há então a dificuldade de perceber quando a ampola está ou não cheia: a pessoa pode não perceber a necessidade de evacuar, ou ter a sensação de evacuação imcompleta (que ainda restam fezes na ampola mesmo depois de acabar de evacuar).
Distúrbios na continência
Quando as estruturas musculares responsáveis pela continência (esfíncteres e MAP) estão lesionadas, pode haver dificuldade em conter fezes ou flatos. Pode acontecer desde a perda de um muco escuro (soiling), a dificuldade de reter flatos ou fezes líquidas ou até, em casos mais graves, a impossibilidade de reter fezes sólidas.
Distúrbios na evacuação
O principal problema da evacuação é a chamada constipação, caracteriza pela dificuldade em evacuar ou pelo baixo número de evacuações semanais - é considerado normal evacuar no mínimo três vezes por semana. Está relacionada principalmente aos hábitos alimentares, hídricos e na baixa coordenação motora da MAP.
Tratamento
O sucesso no tratamento dos problemas relacionados a continência anorretal vai depender da precisão no diagnóstico, ou seja, no conhecimento da causa exata do problema. A primeira etapa é descobrir se a falha está na percepção das fezes, no armazenamento delas ou na sua evacuação.Para problemas na percepção, o tratamento com fisioterapia costuma apresentar resposta bastante satisfatória e rápida. Estímulos da ampola retal podem ser feitos com balonetes, terapia manual, eletroterapia, e outras técnicas, de acordo com cada caso.
Já para os problemas no armazenamento (ou incontinência) o tratamento variam muito de acordo com cada caso. Quando o problema é causado pela ruptura de um esfíncter, por exemplo, a correção necessária pode ser cirúrgica.
Depois da cirurgia ou para os casos de incontinência onde não há lesão muscular direta, ou onde esta lesão é mais moderada, a fisioterapia também apresenta resultados bastante satisfatórios, podendo regredir a incontinência em até 100%.
O fortalecimento muscular é, normalmente, o tratamento mais indicado para este tipo de incontinência: pode ser feito através de técnica manual, cones vaginais ou biofeedback.
Para o sucesso do fortalecimento é fundamental que a musculatura enfraquecida seja identificada corretamente: fortalecer o esfíncter quando é a MAP que está enfraquecida pode piorar o problema, assim como o inverso. Fortalecer uma musculatura que já tem dificuldade de relaxar também é caminho certo para piorar o problema.
Problemas na evacuação são causados mais comumente por dietas inapropriadas aliadas ao relaxamento insuficiente da MAP e dos esfíncteres durante a evacuação.
Questões comportamentais também tem papel fundamental, especialmente na mulher que, normalmente, tem mais problemas em usar banheiros públicos e não adota a postura correta (sentada de forma relaxada, pernas suficientemente afastadas, pés apoiados, cotovelos apoiados nos joelhos) ou não respeita o tempo suficiente para a evacuação. Terapia comportamental com fisioterapeuta especialista e orientação com nutricionista podem resolver o problema.