terça-feira, 28 de junho de 2016

O cocô do seu filho: o que é normal e o que não é

Infelizmente, não há regra geral para definir um cocô normal. 

Tudo vai depender da idade da criança, se mama no peito ou não e se já come outro tipo de alimento. 

O que é um cocô normal?

O cocô do bebê passa por várias mudanças durante o primeiro ano, e logo você vai ter uma ideia melhor do que é normal para o seu filho. 


Um mito precisa ser derrubado: não existe uma frequência certa para todos os bebês fazerem cocô. 

Nos primeiros meses, a frequência depende muito do que ele mama -- leite materno ou fórmula industrializada

Bebês que mamam exclusivamente no peito podem tanto fazer cocô diversas vezes por dia (depois de cada mamada, por exemplo) como uma vez a cada três dias -- ou alguma coisa no meio termo. 

Não é preciso se preocupar, desde que as fezes estejam razoavelmente pastosas e não causem dor. 

Os bebês que tomam fórmula de leite têm um pouco mais de tendência à prisão de ventre. Por isso, é preciso ficar de olho e logo conversar com o médico se houver sinal de desconforto por parte da criança. 


Nos primeiros dias depois do parto, o bebê vai fazer um cocô bem esquisito: preto esverdeado e melecado, o chamado mecônio (veja na galeria de fotos acima). 

Trata-se de um material que se acumulou no intestino do bebê durante a gravidez. Depois dessa primeira fase, o cocô pode assumir cores e consistências variáveis -- às vezes é amarelo-ovo com grumos, às vezes é amarelo com grânulos verdes. 

Essa variação é absolutamente normal. O cocô tem cheiro, sim, mas não chega a ser um odor característico de fezes e não deve incomodar muito. 

Como é o cocô da criança amamentada no peito?

O cocô de bebês amamentados no peito é bem diferente do cocô de crianças que tomam fórmulas de leite. 

O colostro, aquele primeiro leite meio transparente que aparece logo depois do parto, funciona como uma espécie de laxante, ajudando a criança a eliminar o mecônio. 

Quando o leite em si "desce", depois de cerca de três dias, o cocô do bebê começa a mudar, assumindo uma cor esverdeada, com um cheiro meio doce. 

A consistência varia: pode ser viscoso, com uns grãozinhos, ou com um aspecto mais coalhado. 

Na segunda semana depois do nascimento, as fezes podem ficar mais líquidas e amarelas, o que até assusta os pais, que acham que se trata de diarreia. 

É na verdade um cocô de "transição" entre o mecônio e o cocô da amamentação. 

No começo, pode ser que o bebê faça cocô durante cada mamada -- ou logo depois dela. 

Mas logo você vai notar uma regularidade, para prever o momento ideal de fazer a troca de fralda. 

Essa rotina pode mudar de tempos em tempos, por exemplo quando ele começar a comer outros tipos de alimento, quando ficar doente ou começar a espaçar mais as mamadas. 

Lembre-se de que bebês amamentados no peito podem ter cocô de muitas cores e todas elas serem normais. Se não houver outros sintomas diferentes junto, a cor em si não é motivo de preocupação. 



Como é o cocô da criança que toma fórmula de leite?

Quando o bebê mama leite em pó, o cocô é amarelo claro ou marrom amarelado, e mais consistente que as fezes do bebê amamentado. 

Isso porque a fórmula do leite em pó não fica tão digerida quanto o leite materno. 

O cheiro também é mais forte, embora não tanto quanto o de crianças que já comem de tudo. 

Crianças que tomam esse tipo de fórmula normalmente precisam fazer cocô todos os dias, porque, como as fezes são mais sólidas, elas incomodam se se acumulam no intestino. 

Quanto mais tempo elas estiverem lá, mais ressecadas e duras ficarão, na chamada constipação ou prisão de ventre. 

Fale com o pediatra se seu filho apresentar esse problema. Não mude de leite por conta própria ou porque alguma conhecida dá outra coisa para os filhos. 

E não passe crianças menores de um ano para o leite de vaca. O sistema digestivo delas não está maduro para processá-lo, e elas podem acabar tendo problemas mais sérios. 


Preciso tomar algum cuidado especial para passar do peito para a fórmula de leite em pó?

Caso a mudança seja mesmo necessária, faça a transição devagar, ao longo de pelo menos 15 dias, a menos que seja impossível. 

Com a alteração gradual, o sistema digestivo do bebê terá mais tempo de se adaptar e evitar a prisão de ventre. 

Ao mesmo tempo, suas mamas vão se acostumando à redução da demanda, para não ficarem cheias e doloridas depois. 

Quando o bebê estiver totalmente adaptado ao leite em pó, o cocô dele pode mudar completamente, tanto no aspecto quanto na frequência. 

O que não é normal no cocô?

Diarreia: O cocô fica muito líquido, quase água, e a frequência aumenta. Bebês amamentados no peito correm menos risco de ter diarreia em comparação a bebês que tomam fórmula de leite, porque o leite materno inibe a proliferação dos microorganismos que causam o problema. 

Bebês que tomam leite em pó ficam mais sujeitos a infecções, por isso é vital esterilizar mamadeiras ou copinhos e sempre lavar bem as mãos. A diarreia pode acontecer devido a uma infecção viral ou bacteriana, ao consumo excessivo de frutas ou suco ou como reação a um remédio. 

introdução de novos alimentos e a alergia também podem provocar diarreia. 

Na época em que os dentes nascem, o cocô também pode ficar mais líquido, mas não chega a ser uma diarreia, por isso investigue outros motivos. 

Uma diarreia que não melhore sozinha em um ou dois dias indica que há algum tipo de infecção, portanto é necessário procurar o médico para não correr risco de desidratação

Prisão de ventre: A constipação verdadeira não é só o bebê ficar todo vermelho, fazendo muita força, quando vai fazer cocô. Entre os sintomas estão extrema dificuldade em defecar, cocô com aspecto de pedrinhas, dor abdominal, enrijecimento da barriga, irritabilidade e às vezes presença de sangue nas fezes, por causa de fissuras anais (pequenas rachaduras na pele do ânus) provocadas pela passagem do cocô ressecado. 

Bebês que mamam no peito têm menos propensão à prisão de ventre que crianças que tomam fórmula, mas isso não quer dizer que ela não ocorra e possa ser bem sofrida. 

Misturar fórmula demais e água de menos ao preparar o leite do bebê pode provocar constipação. Então, sempre siga as instruções do fabricante quando fizer a mamadeira.

Febre, mudanças na alimentação e certos medicamentos também podem prender o intestino. 
Sempre consulte o pediatra se seu filho estiver com prisão de ventre, e especialmente se você observar sangue nas fezes. 

Ele provavelmente orientará você a aumentar a ingestão de líquidos do bebê, e a acrescentar mais fibra na alimentação dele, se ele já estiver comendo outros alimentos (dando mais mamão ou ameixa, por exemplo). 

Cocô verde: Se as fezes do bebê estiverem verdes e meio espumosas, é possível que ele esteja recebendo lactose demais. Isso acontece quando a criança mama com frequência no seio, mas não chega a tomar o leite posterior, mais rico em calorias, que vem no fim da mamada. Certifique-se de que o bebê está esvaziando completamente um lado antes de passar para o outro. Se nada mudar em 24 horas, é melhor conversar com o pediatra. 

A persistência do cocô verde também pode indicar a presença de um vírus, sensibilidade a algum alimento, ser fruto do tipo de fórmula que você está dando ou resultado de alguma medicação. Na dúvida, procure atendimento médico. 

Sangue nas fezes: Traços de sangue no cocô do seu bebê podem aparecer se ele estiver com prisão de ventre, e a passagem das fezes causar fissuras na pele do ânus. Mas sempre consulte o pediatra no caso de encontrar sangue, para descartar qualquer outra possível causa, como a alergia ao leite de vaca (mesmo que o bebê mame apenas no peito e seja a mãe quem consome o produto).