sexta-feira, 24 de maio de 2013
PRIVADAS
Você, que senta todo dia na privada para fazer cocô, talvez nunca tenha parado para pensar que nosso intestino e sistema digestivo não foi feito para que você cagasse nessa posição. Não existem privadas – nem similares – na natureza. Se estívessemos na pré-história, só haveria um jeito de cagar: de cócoras.
Não a toa, a maioria das privadas no mundo não são essas com as quais estamos acostumados. Elas normalmente consistem de um buraco furado no chão e nada mais. No máximo, uma região áspera onde você apoia o pé, para não escorregar. Ainda bem, porque escorregar cagando deve ser uma das piores experiências que uma pessoa pode passar. Fazer cocô de cócoras não só melhora o desempenho da sua evacuação como, dizem os médicos, evita o câncer no reto e outras doenças associadas ao ânus, como a hemorróidas. Além disso, fazer cocô de cócoras é mais higiênico, porque você não encosta a bunda onde outras bundas já estiveram. O conforto providenciado pela privada de sentar tem um preço: a sua saúde.
Ainda assim, a privada de sentar tem um valor inestimável. Ela conseguiu transformar um ato escatológico em um momento de leitura e reflexão. Ao cagar na privada, olhando para o azulejo do banheiro, somos todos o Pensador de Rodin. Se sentar na privada nos causa doenças e diminiu a nossa longevidade, ela, por outro lado, dá valor ao nosso momento mais mundano. Quem senta para cagar pode viver mais curto, mas certamente vive mais largo.
A personalidade de cada privada não está tanto no seu design ou modelo de descarga, mas principalmente no seu assento. Assentos de louça são solenes e recebem sua bunda com uma certa formalidade. No frio, eles são os piores assentos possíveis, ainda que no calor seja uma delícia refrescar a bunda nela. O de plástico é chulo, e sua bunda repousa engraçada sobre ele, amassando sua forma e ás vezes te fazendo escorregar pro centro da privada. Os piores assentos, para mim, são os estofados, pois eles exageram tanto no conforto a ponto de banalizá-los. Os assentos estofados são tão frescos, que eles me fazem sentir mal por estar cagando: é como se eu estivesse fazendo cocô no sofá da sala. Além disso, eles podem ser bastante confortáveis para uma cagada, mas são um terror para os homens, que mijam de pé. Por ser estofado, ele nunca consegue ficar levantado, de modo que você tem que ficar segurando o assento com uma mão e o pinto com a outra. Um saco.
O país que mais entende de privadas no mundo é, como não poderia deixar de ser, o Japão. No Japão, existe privada para todos os gostos: cócoras, sentado, tanto faz. Além disso, quem gosta de fazer um bom cocô sentado precisa conhecer o Japão pelo menos uma vez na vida. As privadas de lá transcendem a ideia de conforto para um nível quase espiritual. Elas possuem um assento térmico que esquenta a bunda, além de jatos de água morna que limpam o cu. Ao lado do papel higiênico, você encontra uma série de botões, para customizar sua experiência. No Japão, cagar é coisa séria.
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