Parasitoses intestinais são infestações do intestino causadas por parasitas, os helmintas. São mais comuns nas regiões tropicais e subtropicais e em populações mais carenciadas em função das precárias condições de saneamento e higiene.
Alguns sinais comuns à grande maioria das parasitoses são a falta de apetite, irritabilidade ou apatia, dores abdominais frequentes, náuseas e vómitos, azia, diarreia e algum grau de desnutrição.
Um exame parasitológico de fezes (E.P.F.) pode revelar o tipo de parasita, sendo um auxiliar importante para o correcto diagnóstico e tratamento.
ASCARIDÍASE
Ascaris lumbricoides
Contaminação: pela ingestão de ovos infectantes juntamente com alimentos contaminados. A larva, que realiza migração obrigatória pelo fígado e pulmão, é libertada no intestino e os vermes adultos vivem no lúmen do intestino delgado.
Quadro clínico: dores abdominais, náuseas, vómitos, meteorismo intestinal, falta de apetite, palidez e emagrecimento.
A larva pode ir para os pulmões, causando manifestações específicas deste órgão (tosse, falta de ar, etc.)
ANCILOSTOMÍASE
Ancylostoma duodenal e Necatur americanus
Contaminação: pode resultar da penetração na pele ou da ingestão oral de larvas presentes na água ou em alimentos contaminados.
Quadro clínico: As infecções agudas e maciças podem resultar em fadiga, fraqueza, dores abdominais e diarreia com perda de sangue. As infecções crónicas resultam em anemia, palidez, cansaço, desânimo, fraqueza, tonturas, vertigens e dores musculares. É característica a vontade de comer terra.
As larvas infectantes podem causar irritação e prurido (comichão) locais. Também pode haver envolvimento pulmonar.
ESTRONGILOIDÍASE
Strongyloides stercoralis
Contaminação: as larvas podem penetrar através da pele após contacto com terra infectada, levando-se as mãos sujas à boca ou através de água ou vegetais contaminados com larvas.
Quadro clínico: muitas vezes não provoca sintomas e é comum em doentes com deficiências imunitárias, subnutrição e alcoolismo.
Podem haver reacções alérgicas locais, gastrointestinais e penetração das larvas nos pulmões.
TRICURÍASE
Trichuris trichiura
Contaminação: decorre da ingestão de alimentos contaminados com ovos infectantes.
Quadro clínico: quando ocorre, pode ser discreto e mal definido, com irritabilidade, insónia, falta de apetite, dor abdominal, vontade de evacuar sem a presença de fezes ("falsa vontade") e prolapso (exteriorização) da mucosa anal.
Diarreia com muco ou sangue podem estar presentes nos casos graves.
ENTEROBÍASE ou OXIURÍASE
Enterobius vermicularis
Contaminação: pela ingestão ou inalação seguida de deglutição, de ovos infectados presentes no meio ambiente ou na região anal e perianal, inclusive na roupa de cama.
Quadro clínico: prurido ("comichão") anal, principalmente à noite, com insónia e agitação, dor abdominal e disenteria. Pode haver envolvimento dos genitais femininos.
TENÍASE
Taenia solium (porco como hospedeiro intermediário) Taenia saginata (bovinos como hospedeiro intermediário)
Contaminação: pela T. saginata ocorre através da ingestão de carne bovina crua ou mal cozida, infectada pelo cisticerco bovis. A contaminação pela T. solium ocorre pela ingestão da larva cisticerco na carne crua ou mal cozida de porco ou seus derivados.
Quadro clínico: pode não gerar sintomas ou trazer poucas repercussões. Pode haver dores abdominais e de cabeça, diarreia e outros sintomas vagos de natureza tóxica ou alérgica.
Observam-se apetite excessivo e perda de peso.
Pode evitar as parasitoses com alguns cuidados básicos:
- Lave bem as verduras e frutas antes de consumi-las;
- Use água filtrada ou fervida na preparação das refeições e para ingestão;
- Cozinhe adequadamente carnes bovinas e suínas;
- Evite deixar os alimentos expostos, protegendo-os contra a poeira, moscas e outros animais.