Ainda que você fique ótima numa minissaia de cintura baixa, nos bastidores o cenário não é sexy. Seu trato gastrointestinal faz o trabalho pesado do corpo: absorve os nutrientes das comidas e despacha as sobras. Esse sistema barulhento e esponjoso se estende da boca ao ânus e inclui o esôfago, um tubo de pouco mais de 25 centímetros; o estômago, uma bolsa de músculos do tamanho de um punho; o intestino delgado e o grosso, que medem 7 metros; e coadjuvantes como o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar.
Sem um Google Maps para passear pelas nossas entranhas, a gente se questiona por que às vezes o intestino não funciona ou o estômago queima como se tivesse engolido uma bola de fogo, não uma feijoada. Resposta: talvez não haja outra parte do corpo tão sensível às emoções. “Cerca de 80% dos distúrbios no conjunto são causados por problemas emocionais”, diz o gastroenterologista Carlos de Barros Mott, professor da Faculdade de Medicina da USP. Por isso, apesar de 70% dos brasileiros estarem infectados pela bactéria H. pylori, responsável pelas crises de gastrite, apenas em alguns momentos sentimos seu ataque. Embora as queixas de alterações no trânsito gastrointestinal sejam comuníssimas — sobretudo a prisão de ventre, que atormenta 24% dos brasileiros, na proporção de três mulheres para cada homem —, falar sobre o assunto não é fácil como discutir engarrafamentos da hora do rush. “A mulher tende a sofrer em silêncio”, diz Jacqueline Wolf, da Escola de Medicina da Universidade Harvard, nos EUA. No Brasil, a situação talvez seja pior. Numa pesquisa realizada em sete países pelo laboratório Boehringer Ingelheim, os brasileiros com intestino preso ficaram em último lugar no quesito qualidade de vida. O mau funcionamento do órgão trouxe irritabilidade, limitações às atividades cotidianas e redução da autoestima. Mas, ainda que você não colecione agruras com um intestino maleducado ou um estômago mimado, vale a pena passar as vísceras em revista para entender o que acontece debaixo do seu umbigo.