sábado, 6 de abril de 2013

Cocô Muito Mole? Diarréia? e Diarréia Aguda!

A diarréia, embora reconhecida como importante causa no quadro da morbi-mortalidade do país, até o presente não teve sua inclusão consolidada com sucesso no Sistema de Vigilância Epidemiológica. As tentativas realizadas têm sido pontuais, decorrendo do interesse de analisar algumas características ou ocorrências isoladas. As dificuldades em vigiar as doenças diarréicas decorrem, fundamentalmente, de sua elevada incidência, da inobservância da obrigatoriedade de notificação de surtos e da aceitação tanto de parte da população leiga, quanto da maioria dos técnicos de que o problema da diarréia é "normal" no Brasil. Os dados disponíveis permitem a afirmativa de que a diarréia é responsável por uma elevada proporção de óbitos em menores de 5 anos, e que sua maior prevalência se registra nas áreas carentes de saneamento e onde há maior concentração de populações de reduzida condição sócio-econômica. Essas constatações não se aliam, porém, a um conhecimento da dinâmica dessas doenças e não têm resultado em ações objetivas para a prevenção ou controle. É premente a necessidade de se organizar um sistema capaz de colher, registrar e analisar com suficiente agilidade os dados referentes às doenças diarréicas. Para que isto se torne viável em futuro próximo, estas ações deverão ser simplificadas e descentralizadas, atendendo aos interesses atuais de municipalização da Vigilância Epidemiológica. A diarréia é uma síndrome clínica de etiologia diversificada, caracterizada por evacuações numerosas de fezes pastosas ou aquosas. Com freqüência, é acompanhada de febre e vômitos. · Agente Etiológico: há uma grande diversidade de agentes que podem provocar a síndrome diarréica. Os Quadros 1, 2 e 3 resumem as principais informações sobre os vários grupos de potenciais agentes etiológicos. · Suscetibilidade e Imunidade: a suscetibilidade é geral, sendo maior em crianças com menos de 5 anos. A infecção não confere imunidade. · Distribuição, Morbidade, Mortalidade e Letalidade: mesmo nas áreas consideradas endêmicas, em certas épocas do ano ocorre tendência de elevação da incidência das diarréias. Esse fato vincula-se principalmente à elevação da temperatura média ambiental e ao regime das chuvas, cuja conjugação favorece a proliferação e transmissão de alguns agentes. Além desses, outros fatores particulares à região devem ser considerados e pesquisados quanto à possibilidade de modificar o comportamento das diarréias, tais como: turismo, migrações, colheitas agrícolas, etc. A distribuição da doença diarréica é universal. No entanto, existe uma relação inversa entre sua incidência e boas condições de saneamento e hábitos de higiene pessoal e alimentar. Tal relação pode determinar diferentes comportamentos da doença numa mesma área geográfica, explicando incidências diferenciadas em populações situadas muito proximamente no espaço, mas beneficiadas por diferentes níveis de melhorias sanitárias ou de serviços promotores de desenvolvimento social. Os indivíduos mais afetados são os menores de 5 anos, com maior incidência nos menores de 24 meses, nas áreas mais carentes, e entre os de 24 a 48 meses, nas áreas mais desenvolvidas. Dentre os fatores predisponentes citam-se o desmame precoce e a desnutrição, sendo que essa última mantém uma relação de causa e efeito recíproca com a diarréia. Nos adultos, costuma ocorrer em surtos, geralmente por fonte comum. Por tratar-se de uma doença que costuma ter sua importância subestimada pela população, apenas parte dos casos, geralmente os mais graves, busca atendimento nos serviços de saúde. Por outro lado, não sendo obrigatória a notificação de casos isolados, o conhecimento restringe-se ao número de casos internados nos hospitais públicos e conveniados. A mortalidade infantil no Brasil, embora apresentando-se em declínio, ainda tem nas doenças diarréicas uma importante causa. Excetuando-se as causas mal definidas, as diarréias ocupam sistematicamente o segundo ou terceiro lugar, superadas pelas afecções do período perinatal e infecções respiratórias. Considerando a qualidade do preenchimento das declarações de óbito quanto à causa básica, e o sub-registro de nascimentos e dos óbitos precoces, supõe-se que os valores estejam ainda subestimados. A letalidade tem seu cálculo prejudicado pela falta de um denominador exato. Esse indicador, no entanto, precisa ser analisado com cuidado, pois uma elevada incidência pode diluir a letalidade levando à conclusão equivocada de uma situação controlada. É evidente que esses indicadores devem ser analisados em conjunto e calculados para grupos populacionais reduzidos (região, cidade, bairro, distrito).

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