Você mulher que sofre muito para fazer cocô e já sabemos também que a prisão de ventre não é facil?!
Aqui um texto explicativo:
Prisão de ventre. Se isso não acontece com você, é bem provável que duas, três, ou várias amigas suas vivam reclamando. Elas estão entre as 42 milhões de mulheres – número que corresponde ao triplo da população do Estado do Rio de Janeiro – que têm prisão de ventre no Brasil. Esses dados são da Federação Brasileira de Gastroenterologia, e excluem as milhares de garotas que nunca se queixaram para um médico.
Dezenas de reportagens já trataram do assunto e deram dicas de como aliviar a questão. Mudanças de hábitos, ameixa, fibras, água, laxantes. Ainda assim, mesmo sabendo que precisam se alimentar melhor e se hidratar mais, as mulheres não vão ao banheiro como deveriam. Os médicos atestam que o ideal é evacuar tantas vezes quanto forem as refeições, ou, no mínimo, uma vez por dia. E os números da federação mostram que as mulheres vão, em média, somente três vezes por semana ao banheiro. Prova de que a questão vai muito além do orgânico: envolve somatizações, medos e inseguranças que as mulheres carregam desde a infância. O que temos, então, são milhões de mulheres com dificuldades de expelir as toxinas do organismo para, assim, renovar o ciclo da vida.
A médica Mara Rita Salum, gastrocirurgiã das mais respeitadas de São Paulo, reconhece que 90% dos casos que chegam até ela são frutos de distúrbios emocionais. Em um papo com a reportagem da Tpm, deixou as explicações científicas de lado e contou que é comum sugerir às pacientes que procurem um psicanalista ou algo como ioga. Em alguns casos, chega a receitar antidepressivos. “A prisão de ventre afeta muito mais as mulheres do que os homens porque é uma questão de comportamento. Isso começa na infância e se acentua na adolescência, época em que a garota incorpora aos seus hábitos a vergonha de ir ao banheiro. Diferente dos meninos, que brincam com os amigos, fazem piadas e lidam com a coisa de maneira mais light. Ainda não existe igualdade entre os sexos quando o assunto é cocô.”
Fomos atrás da explicação freudiana: “Para a criança na fase anal, de dois a três anos, o cocô causa uma sensação de prazer, representa a produção própria”, explica Simone Bravo Caldeira, terapeuta corporal que trabalha com o equilíbrio de chacras. “A prisão de ventre vem de um medo crônico gerado na infância. Pode ser desde um choro não atendido até aflição do escuro ou sentimento de solidão. Numa idade avançada, esse medo pode ser fruto de cobranças, repressões sociais ou relacionamentos estressantes. O reflexo pode ser a retenção de fezes.”
Em vez de procurar um terapeuta ou um médico, muita gente opta por tomar o primeiro laxante que estiver ao alcance. E esquece que curar temporariamente o sintoma não é remédio. “Isso pode virar uma bulimia. Existem muitas mulheres viciadas em laxantes”, conta Mara. Tanto a médica, alopata tradicional, como os adeptos da medicina oriental concordam que é fundamental olhar o que saiu de dentro de você, afinal, as fezes são termômetro da saúde dos mais fiéis.
“Toda vez que você fizer uma merda na vida, tem que olhar bem para ela para entender o que aconteceu.” É assim que a sofisticada Márcia de Luca, uma das brasileiras mais entendidas em medicina ayurvédica, ciência indiana milenar, e que faz cocô três vezes ao dia, começa o papo com a reportagem da Tpm. Aos 52 anos, cara de 40 e pique de 20, ela revela que essa estupenda relação com a própria merda nasceu do contato com a Índia, estabelecido 22 anos atrás. Segundo a medicina ayurvédica, a causa principal de todas as doenças é o acúmulo de toxinas no organismo. “Arrotar, soltar gases, evacuar são necessidades fisiológicas que não devem ser repreendidas”, atesta. Mariana Corrêa, oncologista do Hospital Oswaldo Cruz, de São Paulo, concorda.
O paulista Cristovão de Oliveira, que aplica a massagem ayurvédica para fins terapêuticos e que viveu durante um ano e meio entre Índia e Nepal, conta que para os orientais o que é sujo deve ser imediatamente colocado para fora. “No ocidente as pessoas se preocupam em manter a aparência limpa e não se importam se lá dentro está tudo podre.” O terapeuta também é adepto do “comeu, eliminou”. Para ele, as pessoas têm que ir ao banheiro três vezes ao dia. Além disso, se querem ter mais facilidade para eliminar as toxinas, precisam se reeducar. Um bom começo é parar com a mania de só ir ao banheiro da própria casa. “Este é um comportamento possessivo: ‘Meu banheiro’.”
Uma das regiões em que a mulher sente mais prazer é a do baixo abdômen. Se ela está enfezada, os órgãos reprodutores acabam massacrados pelo inchaço do intestino e aí dificilmente será possível dar uma daquelas transadas sensoriais, em que cada toque é motivo de prazer.
Jacob Pinheiro Goldberg, apoiado na psicanálise, reforça a tese de que a mulher levou para a cama a idéia que lhe foi colocada na cabeça desde a infância, de que garota elegante é aquela que não evacua. “Ainda está no subconsciente da mulher que ela deve corresponder à expectativa masculina de ser pura e santa”, diz.
O terapeuta explica que essa atitude feminina não é 100% inconsciente: as mulheres aprendem, desde pequenas, que seus bumbuns podem ser objetos de desejo e sedução. Para que se livrem dessas amarras, aconselha que comecem se libertando desse pensamento embutido do desejo masculino. “As mulheres precisam ter ciência de que podem deixar de ser objeto para se tornarem sujeito do desejo e, assim, tratar suas bundas como um instrumento para que defequem como, quando e onde quiserem.” Ele também sugere pequenos processos de libertação. Freqüentar qualquer banheiro é o começo. Passar a fazer cocô em viagens com o namorado, um passo adiante. E verbalizar a coisa, um grande progresso. “Dizer ao parceiro que você está indo fazer cocô e tratar isso com naturalidade é extremamente libertador.”
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