segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Conselhos em Caso de Prisão de Ventre

Embora a prisão de ventre possa acompanhar diversas doenças, o mais frequente é ser causada por uma alimentação pobre em fibras vegetais ou por uma escassa ingestão de água. Nestas condições, a quantidade de resíduos no intestino é insuficiente e o seu funcionamento não é correcto. A prisão de ventre deve-se normalmente a uma alteração dos hábitos alimentares da criança, apesar de também poder ser causada pela dor provocada por uma fissura anal (o melhor é deixar o pediatra fazer o diagnóstico). Nesse caso, serão recomendáveis os banhos de assento com água temperada.

Se a prisão de ventre for causada pela deficiência de fibras vegetais ou pela escassa ingestão de água, os conselhos que se seguem podem ser úteis para o seu filho.

DIETA
• Faça com que beba mais água.
• Faça com que coma mais verduras de todo o tipo, cruas ou cozidas (acelgas, aipo, espinafres, alface, etc.).
• Dê-lhe bastante fruta laxante natural, em compota ou em sumo. Evite as maçãs e as bananas.
• Adicione 5-10 cm3 de óleo cru às refeições.
• Dê-lhe cereais integrais: arroz integral, aveia integral, flocos de trigo ou de milho
• Dê-lhe pão, bolachas, pastéis, biscoitos e massas (talharins ou macarrões) especiais de farinha integral ou completa.
• Dê-lhe xarope de maçã ou mel com iogurte ou com uma salada de frutas.
• Dê-lhe legumes uma ou duas vezes por semana.

 LAXANTES NATURAIS PERMITIDOS
• Ameixas pretas ou frescas.
• Passas (californianas) em compota.
• Ágar-ágar (preparado comercial).
• Fibra vegetal não digerível.

OUTROS ALIMENTOS RECOMENDADOS
• Farelo de trigo (adicionar uma colher de sopa cheia na sopa).
• Molho de soja (usa-se normalmente como tempero para dar gosto e pelo seu teor em proteínas).
• Pão dextrinado (é um pão tratado de forma especial e que se vende em torradas).
• Sal marinho grosso, que, ao contrário do sal fino de mesa, contém magnésio e iodo, elementos muito necessários para uma alimentação equilibrada.
• Gérmen de trigo, misturado com iogurte ou saladas.

 ALIMENTOS NÃO RECOMENDADOS
• Batatas e féculas.
• Pão branco, bolos ou pastelaria branca.
• Enchidos, foie-gras, Nutella® ou geleias.
• Massas talharim, macarrões, esparguetes ou canelones, se não forem cozinhados com farinha de trigo integral.
É conveniente lembrar à criança para ir defecando uma vez por dia (no mínimo). Se no início lhe custar, pode estimulá-lo com pequenos enemas ou supositórios de glicerina, escolhendo uma hora em que o ambiente seja tranquilo (de preferência, após uma refeição). Pode fazer isto diariamente e depois alternar dias (consulte o seu pediatra). Quando a criança conseguir defecar por si mesma, deveremos recompensá-la com algum objecto de que goste ou permitindo-lhe fazer algo que a divirta especialmente.
Devem evitar-se os laxantes sem prescrição médica, e estes só são receitados em casos muito concretos. Não deve dar laxantes ao seu filho/a sem antes ter consultado o pediatra. Se detectar sangue nas fezes, incontinência ou períodos de diarreia/prisão de ventre, ligue ao seu pediatra e aconselhe-se sobre o que deve fazer.

Perguntas e Respostas:

P:Na minha família quase todos sofremos de prisão de ventre crónica e não gostaria que a minha filha também tivesse problemas. Qual é a melhor forma de prevenção?
R:Em primeiro lugar, a alimentação deve ser adequada: 2-3 peças de fruta e 2-3 porções de legumes por dia, 5-10 ml de azeite cru por dia e beber água suficiente. Em segundo lugar, uma disciplina correcta, todos os dias à mesma hora, sentar-se para evacuar e, finalmente, uma postura adequada, na posição sentada ou de cócoras, com os pés comodamente apoiados durante a evacuação.

P:O meu filho de 2 anos não demonstra nenhum interesse em controlar as suas evacuações. É normal? Devo forçá-lo?
R:Se a criança não demonstrar interesse pelo controlo do seu esfíncter anal, as tentativas de forçar esse controlo não são recomendáveis antes dos 2 anos e meio até aos três anos, pois podem conduzir a uma rejeição voluntária do referido controlo e a uma prisão de ventre funcional, que pode vir a tornar-se muito problemática.

P:É verdade que o leite provoca prisão de ventre?
R:Sim, o consumo excessivo de leite a partir de um ano de idade pode causar prisão de ventre, já que comporta um baixo consumo de alimentos ricos em fibras (frutas e legumes), mas não por causa do leite em si, mas sim por ser uma alimentação pouco variada, baixa em fibras e inadequada.

P:É verdade que uma criança normal deve obrar todos os dias?
R:Não. Se não existir dificuldade na emissão das fezes e a sua consistência não for dura, pode ser suficiente e normal evacuar três vezes por semana.

P:O que é a encoprese? Está relacionada com a prisão de ventre?
R:Diz-se que uma criança sofre de encoprese se não quiser e/ou não conseguir controlar o seu esfíncter anal, isto é, que apresenta incontinência na ausência de doença orgânica intestinal ou rectal, ou seja tem defecações involuntárias, pelo menos uma vez por mês durante 3 meses. É comum manifestar-se entre os 2 e os 4 anos de idade e está associada a uma prisão de ventre funcional, pelo que se produzem fugas das fezes.

P:O meu filho nunca quer ir à casa de banho. Mesmo que sinta vontade, aguenta. Come muitos legumes e frutas e o pediatra não consegue identificar o problema. A que se deve a prisão de ventre “voluntária”?
R:A prisão de ventre “voluntária” pode dever-se a transtornos afectivos, geralmente ligados a uma atitude de contrariedade da criança devida a um excessivo controlo por parte do adulto ou a um treino excessivamente precoce e forçado do controlo dos esfíncteres. Se não for tratada, pode conduzir à encoprese. É importante descartar previamente um problema do intestino ou do recto ou de controlo neuromuscular como causa primária.

P:Desde que a minha filha de 3 anos usa a sanita como nós, custa-lhe evacuar. A que é que se deve se já lhe ponho um “redutor” especial para adaptar o assento da sanita às crianças pequenas?
R:A postura adequada para uma correcta evacuação das fezes é na posição sentada com os pés bem apoiados no chão ou de cócoras. Muitas crianças têm prisão de ventre e, inclusive, fissuras anais por causa da má posição que o uso do assento da sanita de dimensões adultas acarreta. Volte a utilizar um pote ou coloque um banquinho para que possa apoiar os pés enquanto evacua.

P:Com que idade as crianças devem aprender a controlar o esfíncter anal?
R:Normalmente, os meninos começam a adquirir o controlo da emissão de fezes ou evacuações a partir dos 2 anos (por vezes, as meninas especialmente, a partir dos 18 meses), podendo acontecer um pouco antes do controlo da emissão de urina. A partir dos 4 anos, a maioria dos especialistas já consideram a falta de controlo do esfíncter anal um facto patológico.

P:O meu filho de 3 anos tem tendência para a prisão de ventre. No outro dia chorou muito enquanto fazia cocó e sangrou um pouco. É possível que uma criança tão pequena já tenha uma fissura no ânus?
R:A fissura anal também pode surgir nas crianças pequenas como consequência de uma evacuação com fezes muito duras ou devido a uma diarreia explosiva. Contrariamente aos adultos, podem apresentar fissuras múltiplas e em qualquer localização. O tratamento aconselhável é lavar com água fria ou temperada, aplicar pomadas cicatrizantes ou anestésicas e usar laxantes suaves durante algumas semanas, juntamente com uma revisão da alimentação para combater a prisão de ventre crónica. Consulte o seu pediatra.

P:É possível uma criança ter hemorróidas? No outro dia o meu filho queixou-se durante a evacuação e, quando olhei para o ânus dele, vi que lhe saía um pouco, algo parecido com uma hemorróida bastante grande.
R:As hemorróidas são pouco frequentes na infância, embora seja possível que se formem em casos de prisão de ventre crónica. Se sofrer de prisão de ventre, o mais frequente é que tenha tido alguma fissura anteriormente e que apresente uma prega do ânus um pouco engrossada, a chamada “prega sentinela”, como resultado da cicatrização de uma fissura com algum tempo de evolução. Também se deve descartar o prolapso anal, mais raro, que é uma protrusão da mucosa anal, parcial ou na sua totalidade, devido ao esforço da defecação, que pode manifestar-se em crianças de 2 anos ou de idade inferior, especialmente se apresentarem má absorção intestinal. Consulte o seu pediatra.

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