terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mulheres X Sobre Cocô

Aquele cheiro fétido no sapato, no sanitário. Merda, quando algo dá errado. Bosta, quando estamos chateados. Aquilo que não nos serve. O resto, o sujo. Como temos dificuldades para lidar em nós com nossos excrementos!
Aprendemos a ser limpas, não fazer coco em qualquer lugar. Segurar para defecar onde nos sentimos seguras. Perfumar o ambiente para que ninguém saiba de nossas fetidezas. Seguramos nossas sombras a ponto de não conseguir defecar por dias.
Uma vez vi numa dessas revistas femininas, como despistar seu namorado em uma viagem quando você fizer coco! Quanta opressão, principalmente para nós mulheres. Conheço muitas mulheres com prisão de ventre.
Enquanto meninos peidam e riem com o fedor, meninas parecem desejar nunca soltar puns. Fazer coco então…
Belas mulheres vazias parecem peidar com cheiro de perfume e defecar uma rosa. Não fazem coco no chão, no mato. Usam até lencinho perfumados
O bioma mais rico em biodiversidade é o mangue. Obscuro, com raízes que voam e fértil pela presença de excrementos. A vida nasce nas fezes. O intestino que solta antes do parto. O cocô que sai antes de se permitir dar a luz.
Uma sensação do parto é uma pressão no ânus. Uma vontade insuportável de fazer cocô. Mas se toda a vida seguramos a vontade, como deixar sair?
Enquanto não nos conectarmos com nossos excrementos sem vergonha, não poderemos experimentar a verdadeira luz. Saber que aquilo, também somos nós. A sombra e a luz. O resto do que nos nutriu, que aduba a terra que nos serviu.
Defecar é uma forma de prazer. Um alivio na passagem daquele formato fálico que produzimos. Prazer em se abrir para devolver as sombras. Fétidas e ricas, contaminadas, renegadas, escondidas.
Seremos mais saudáveis quando pudermos compartilhar, juntos, sem pudor, o coco nosso de cada dia. Comemorando com os pequenos em processo de desfralde o coco lançado no vaso. Ai lidar com naturalidade com nossas fezes e as deles, transformamos o ato do coco em um ato fisiológico.
E você, qual sua relação com o coco? E de seus filhos?

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